Tiago, de 28 anos, sente-se inquieto ao descobrir uma pequena massa indolor no testículo. Nota também uma nova sensação de peso que persiste. Esta descoberta inesperada fá-lo questionar a sua saúde, pois nunca imaginou que tais sinais pudessem indicar uma doença grave.
Mas, afinal, o que é exatamente o cancro do testículo? Quem está em risco e como pode ser tratado?
Olá, aqui fala a Dra. Joy!
Neste artigo, vamos explorar o cancro do testículo, os sintomas-chave a vigiar, os fatores de risco, bem como as opções de diagnóstico e tratamento disponíveis para garantir um prognóstico favorável.
I – O que é o cancro do testículo?
O cancro do testículo é uma doença que se desenvolve quando células cancerígenas (malignas) surgem nos tecidos do testículo. Os testículos, localizados no escroto, são responsáveis pela produção de hormonas sexuais masculinas e espermatozoides.
Este tipo de cancro desenvolve-se normalmente de um só lado (unilateralmente), afetando apenas um testículo, embora o desenvolvimento bilateral seja possível, mas muito raro.
É o cancro sólido mais frequente nos homens entre os 15 e os 35 anos, embora possa afetar homens ou crianças de qualquer idade.
II – Causas e fatores de risco
A causa exata do cancro do testículo continua desconhecida. A doença ocorre quando células saudáveis começam a crescer e a dividir-se de forma anormal e descontrolada, formando uma massa chamada tumor. Quase todos os cancros testiculares começam nas células germinativas, responsáveis pela produção de espermatozoides.
Embora a causa não seja conhecida, vários fatores aumentam o risco:
- Idade: mais comum em adolescentes e jovens adultos (15–35 anos).
- Testículo não descido (criptorquidia): aumenta significativamente o risco.
- História familiar: maior risco se familiares tiverem tido esta doença.
- Infertilidade: homens inférteis têm probabilidade mais elevada.
- Desenvolvimento anormal dos testículos: certas patologias como a síndrome de Klinefelter aumentam o risco.
- Antecedentes pessoais de cancro do testículo.
III – Sinais e sintomas a vigiar
Para um diagnóstico precoce, é essencial estar atento aos sinais iniciais e saber realizar o autoexame testicular. Muitos pacientes ignoram os sintomas durante muito tempo, permitindo a progressão da doença.
Os sinais de alerta incluem:
- Uma massa ou nódulo indolor no testículo.
- Inchaço (edema) do testículo, com ou sem dor.
- Sensação de peso no escroto.
- Dor no testículo, escroto, virilha ou abdómen.
- Redução do tamanho de um dos testículos.
- Acumulação de líquido no escroto.
- Sensibilidade ou alterações no tecido mamário masculino.
A maioria dos pacientes apresenta uma massa testicular indolor, embora possa existir dor persistente associada.
IV – Diagnóstico e estadiamento
O diagnóstico é geralmente feito por um urologista. O processo inclui história clínica e exame físico para identificar nódulos ou inchaço.
Exames complementares incluem:
- Ecografia escrotal: avalia o testículo e deteta nódulos suspeitos.
- Análises de sangue: procuram marcadores tumorais como AFP, β-hCG e LDH.
- Biópsia: recolha de tecido para análise laboratorial. Se necessária, deve ser sempre realizada por via inguinal, nunca através da pele do escroto.
Após o diagnóstico, avalia-se a extensão (estadio) do cancro:
- Estadio 0: neoplasia germinativa in situ.
- Estadio I: o cancro está limitado ao testículo.
- Estadio II: atingimento dos gânglios linfáticos retroperitoneais.
- Estadio III: cancro avançado com metástases além do abdómen.
Os principais tipos de tumores incluem:
- Seminoma (mais comum, crescimento lento, responde bem a quimio e radioterapia)
- Não-seminoma (cresce mais rapidamente e é menos sensível à radioterapia ou quimioterapia).
V – Tratamento e prognóstico
O cancro do testículo é curável, e o prognóstico é favorável para a maioria dos casos, sobretudo quando diagnosticado cedo.
O primeiro passo do tratamento é geralmente a cirurgia:
- Criopreservação de esperma: recomendada antes da orquidectomia e obrigatória antes de quimioterapia, radioterapia ou cirurgia retroperitoneal.
- Orquidectomia Radical Inguinal: remoção do testículo e cordão espermático através de uma pequena incisão na virilha. Pode considerar-se uma prótese testicular por razões estéticas.
- Após a cirurgia, o tratamento depende do estadio e do tipo de tumor:
- Vigilância ativa: check-ups regulares; indicada no estadio 0 e alguns casos do estadio I.
- Quimioterapia: utilizada se houver metástases ou risco elevado de doença oculta. Pode causar infertilidade.
- Radioterapia: usada sobretudo para seminomas.
- Linfadenectomia retroperitoneal: remoção cirúrgica de gânglios linfáticos no abdómen.
O seguimento especializado é fundamental e nunca deve ser interrompido.
Estas informações não substituem o aconselhamento médico.
Deve procurar o conselho do seu médico ou de outro profissional de saúde qualificado para quaisquer questões que possa ter relativamente ao seu estado de saúde.



