Patologias da hipófise: o que são?

Pathologies de l'hypophyse

A Clara, de 34 anos, consulta o seu médico devido a um cansaço persistente, dores de cabeça recorrentes e variações inexplicáveis de peso. Após vários exames, o médico levanta a hipótese de uma possível perturbação relacionada com uma pequena glândula ainda pouco conhecida pelo grande público: a hipófise. As suas disfunções, por vezes discretas no início, podem, no entanto, ter consequências significativas em todo o organismo.

Mas qual é exatamente o papel da hipófise? Como se manifestam as suas disfunções e de que forma podem ser identificadas?

Sou a Dr. Joy, olá! Neste artigo, proponho-lhe fazer um ponto de situação sobre estas patologias e sobre os sintomas aos quais deve estar atento.

I – O papel crucial da hipófise

A hipófise, por vezes chamada de “glândula mestra”, é um pequeno órgão do tamanho de uma ervilha, localizado na base do cérebro, mesmo por baixo do hipotálamo. Apesar das suas reduzidas dimensões, desempenha um papel fundamental na regulação hormonal de todo o organismo.

Com efeito, a hipófise produz várias hormonas que influenciam:

  • O crescimento, a composição corporal e a saúde óssea (hormona do crescimento, GH)
  • O funcionamento da tiroide (TSH, hormona estimulante da tiroide)
  • O funcionamento das glândulas supra-renais (ACTH, hormona adrenocorticotrópica)
  • A reprodução e a função gonadal (FSH e LH, hormonas folículo-estimulante e luteinizante)
  • A produção de leite e as irregularidades menstruais (prolactina)
  • O equilíbrio hídrico e de sódio (ADH, hormona antidiurética)

II – Os tipos de patologias da hipófise

As disfunções da hipófise podem provocar uma produção hormonal excessiva ou, pelo contrário, uma insuficiência hormonal. Na maioria dos casos, as perturbações hipofisárias não se acompanham nem de défice nem de hipersecreção hormonal — nestas situações, fala-se de tumores não funcionais. As lesões hipofisárias podem ser benignas (com mais frequência) ou malignas.

Entre os exemplos mais comuns encontram-se os prolactinomas, caracterizados por um excesso de prolactina; a acromegalia, provocada por uma produção excessiva da hormona do crescimento (GH); e a doença de Cushing, associada a um excesso de ACTH. Os prolactinomas são os mais frequentes e afetam sobretudo mulheres em idade fértil.

O hipopituitarismo corresponde a uma carência de uma ou mais hormonas hipofisárias e pode causar fadiga, perda de peso, irregularidades menstruais ou diminuição da libido. A diabetes insípida resulta de um défice da hormona antidiurética (ADH), provocando sede intensa e micções abundantes. Os macroadenomas (adenomas hipofisários com mais de 1 cm) podem causar dores de cabeça e perturbações visuais.

III – Causas possíveis

As perturbações hipofisárias podem ter origens variadas. Podem dever-se a tumores benignos ou malignos, a um traumatismo craniano, ou ainda a uma intervenção cirúrgica ou radioterapia. Mais recentemente, a utilização da imunoterapia em doentes oncológicos revelou casos de hipofisite, uma inflamação da hipófise. Noutros casos, as perturbações podem estar associadas a doenças genéticas ou a afeções inflamatórias que atingem a glândula, como a sarcoidose ou a histiocitose.

IV – Sintomas e deteção

A maioria das perturbações hipofisárias permanece assintomática e é descoberta por acaso durante exames de imagem cerebral (tomografia computorizada ou ressonância magnética), ou mais raramente ao longo de análises sanguíneas de rotina.

Sinais frequentes de excesso hormonal:

  • Crescimento anormal das mãos, pés ou traços faciais (acromegalia)
  • Perturbações menstruais ou infertilidade
  • Fadiga e alterações de humor
  • Ganho ou perda de peso inexplicável
  • Galactorreia (produção e secreção anormal de leite ou líquido lacteado, sem relação com gravidez)

Sinais frequentes de défice hormonal:

  • Fadiga crónica e perda de força
  • Fraqueza muscular e queda de cabelo
  • Pressão arterial baixa, hipoglicemia, náuseas ou perda de apetite
  • Diminuição da libido ou perturbações sexuais
  • Poliúria e polidipsia (associadas a défice de ADH)

V – Diagnóstico e tratamento

As anomalias hipofisárias são frequentemente descobertas de forma fortuita durante uma tomografia computorizada ou ressonância magnética cerebral realizadas por outras razões (cefaleias, traumatismo, sintomas neurológicos). Na maioria dos casos, são necessárias análises sanguíneas para medir os níveis hormonais, bem como uma ressonância magnética específica da região selar para melhor visualização da hipófise. Podem ser prescritos exames complementares dependendo das hormonas envolvidas e dos sintomas observados.

O tratamento depende da causa subjacente: pode ser necessária cirurgia para remover um tumor; podem ser prescritos medicamentos para regular a produção hormonal; e, em caso de défice, implementa-se uma hormonoterapia substitutiva. Em muitos casos, uma vigilância regular através de análises sanguíneas e ressonância magnética é suficiente.

A deteção precoce e o acompanhamento especializado permitem frequentemente reduzir as complicações e melhorar a qualidade de vida dos doentes.

Se apresentar sintomas sugestivos de uma perturbação hipofisária, se as suas análises revelarem um desequilíbrio hormonal ou se uma lesão hipofisária for descoberta por acaso numa imagiologia cerebral, consulte um profissional de saúde. Para um diagnóstico preciso e um acompanhamento personalizado, pode marcar consulta diretamente no Alegria Medical Centre com a nossa endocrinologista, Dra. Sara Pinheiro.

 

Beijinhos !

Dr Joy

Estas informações não substituem o aconselhamento médico. 

Deve procurar o conselho do seu médico ou de outro profissional de saúde qualificado para quaisquer questões que possa ter relativamente ao seu estado de saúde.

Fontes:

Hopkins Medicine

MSD Manuals

Nossas novidades