Cancro da Próstata: a importância do rastreio

hommes souffrant de douleurs sous la vessie

João, 58 anos, questionava-se se a dificuldade em urinar e a necessidade de se levantar várias vezes durante a noite seriam apenas incómodos relacionados com a idade. Já tinha ouvido falar de problemas da próstata, mas nunca imaginara que estes sintomas pudessem indicar uma degeneração maligna das células glandulares. Estes sinais subtis, muitas vezes desvalorizados, são, na verdade, o ponto de partida para uma reflexão essencial sobre a saúde masculina.

Mas o que é exatamente o cancro da próstata? E porque é que o rastreio é tão importante, sobretudo após os 50 anos?

Olá, sou a Dr.ª Joy!

Neste artigo, no âmbito do Movember, iremos explorar a frequência desta doença, os fatores de risco, a importância do rastreio precoce e as opções de tratamento disponíveis.

I – Uma doença frequente no homem

O cancro da próstata é o cancro mais comum nos homens. Em França, é particularmente frequente, com 59 885 casos em 2018. Um em cada sete homens será afetado ao longo da vida. Em Portugal, é também o tipo de cancro mais relevante e mais frequente entre os homens.

Apesar de comum, continua a ser a terceira causa de mortalidade por cancro no homem em França. O cancro da próstata corresponde à formação de um tumor, geralmente um adenocarcinoma, resultante da degeneração maligna das células glandulares.

A próstata é uma glândula localizada no trato urinário inferior, sob a bexiga e em torno da uretra, desempenhando um papel importante na produção de parte do líquido que compõe o sémen.

II – Fatores de risco e sintomas

O cancro da próstata desenvolve-se de forma lenta e silenciosa, sendo raro antes dos 50 anos. Afecta sobretudo homens com mais de 65 anos, e mais de 90% dos casos surgem após os 55.

Os fatores de risco incluem:

  • Antecedentes familiares (formas genéticas)
  • Fatores relacionados com o estilo de vida (alimentação desequilibrada, sedentarismo, consumo de álcool e tabaco)
  • Obesidade
  • Idade e fatores étnicos

No início, a doença é frequentemente assintomática. Esta evolução silenciosa torna o rastreio essencial. Mais tarde, se não for tratada, podem surgir sintomas como dificuldade em urinar ou sangue na urina (hematúria). Dores ósseas podem também manifestar-se nas formas mais avançadas.

III – O papel crucial do rastreio

O rastreio permite detetar o cancro da próstata numa fase precoce.

Baseia-se em dois métodos principais:

  1. Exame clínico com toque retal, realizado por um médico de família ou urologista
  2. Análise sanguínea para medição do PSA (Antigénio Específico da Próstata)

É importante notar que um PSA elevado não significa automaticamente cancro, já que também pode estar aumentado em caso de inflamação ou hiperplasia benigna da próstata. O diagnóstico é confirmado através de biopsias prostáticas.

O rastreio é recomendado a partir dos 50 anos, ou dos 45 caso existam antecedentes familiares.

IV – Opções de tratamento

O tratamento depende de vários fatores, incluindo a idade do paciente, o estadio do tumor (classificado de T1, localizado, a T4, metastático) e o seu grau de agressividade.

As opções de tratamento podem incluir:

  • Vigilância ativa: Geralmente proposta no estadio inicial para tumores pequenos e pouco agressivos, com controlo regular do PSA (de seis em seis meses), avaliação clínica e ressonância magnética multiparamétrica consoante a evolução.
  • Tratamento cirúrgico (prostatectomia radical): Remoção total da glândula prostática, normalmente indicada para formas localizadas em pacientes com menos de 75 anos.
  • Radioterapia externa: Indicada sobretudo para pacientes mais idosos ou em casos mais avançados.
  • Braquiterapia: Colocação de sementes radioativas, utilizada nas formas localizadas.
  • Tratamentos médicos: Hormonoterapia ou quimioterapia, muitas vezes combinadas com outros tratamentos em casos extensos ou metastáticos.

O prognóstico é, na maioria das vezes, favorável, já que muitos homens vivem normalmente durante muitos anos após o diagnóstico. A taxa de sobrevivência aos cinco anos situa-se em cerca de 93%. Quanto mais cedo e mais localizado for o cancro, maiores são as hipóteses de cura.

V – Movember: falemos da saúde masculina

O cancro da próstata é, na maior parte dos casos, de evolução lenta. No entanto, a ausência de sintomas iniciais reforça a importância dos exames regulares como forma de prevenção e de rastreio precoce.

Neste mês de Movember, incentivamos a que fale sobre saúde masculina e consulte o seu médico para avaliar a necessidade de realizar um rastreio, especialmente se apresentar fatores de risco.

Beijinhos,

Dr Joy 

Estas informações não substituem o aconselhamento médico. 

Deve procurar o conselho do seu médico ou de outro profissional de saúde qualificado para quaisquer questões que possa ter relativamente ao seu estado de saúde.

Fontes:

Liga Portuguesa Contra o Cancro

Elsan Care

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